28 de novembro de 2015

Jeová Campos elogia postura do Senado Federal em manter prisão de Delcídio, mas critica direcionamento das ações da Lava Jato.


A votação aberta, no plenário do Senado Federal, que decidiu na noite desta quarta-feira (25), por 59 votos a favor, 13 contra e uma abstenção, manter a decisão do Supremo Tribunal Federal de prender o líder do governo no Senado, Delcídio do Amaral (PT-MS), para o deputado estadual licenciado Jeová Campos (PSB) é um marco na história política do país, um revés no corporativismo da classe política e também a prova da influência da opinião pública. “Estamos vivendo novos tempos onde os fóruns privilegiados e o poder econômico não são mais capazes de barrar o processo legítimo de investigar, punir, prender e tentar acabar com os desmandos e escândalos advindos da corrupção, mas é preciso que a operação Lava-Jato investigue com o mesmo rigor toda a classe política e empresarial, sem demonizar uns e proteger ou endeusar outros”, argumentou Jeová.

“Por que a operação Lava-jato não investiga o financiamento das campanhas bancadas pelo HSBC? Por que documentos sigilosos da investigação tem vazado com tamanha facilidade para Imprensa e a opinião pública? Por que os gastos das lideranças políticas de oposição não são investigados com tanto rigor, a exemplo de Zé Agripino e tantos outros? Sou plenamente a favor das investigações, apenas questiono o direcionamento dela. Chegamos ao limite no que diz respeito a corrupção nas contas públicas e neste aspecto defendo que todos os partidos e governos precisam ser investigados, não há sentido esse direcionamento”, destaca Jeová.

Para o parlamentar, um mérito deste processo vivido atualmente pelo Brasil é de que estão sendo presos pessoas de alto poder aquisitivo e influência. “Antes, só víamos notícias de prisão de ‘peixes pequenos’, agora os cabeças e mandatários também estão sendo presos e responderão pelos crimes que cometeram”, disse Jeová, lembrando que esta foi a primeira vez que um senador com mandato em exercício é preso. “Espero que não seja a única”, provoca Jeová. O parlamentar lembra ainda que o atual modelo de financiamento de campanhas eleitorais favorece a corrupção. “É necessário uma reforma política profunda. O financiamento de campanhas está apodrecido e é preciso ser refeito na raiz. A classe política está em crise porque é agente e vítima da corrupção e dos negócios sem moral. Isso precisa mudar”, desabafa Jeová, que defende o financiamento público exclusivo nas campanhas.

Relembrando o caso

O senador Delcídio do Amaral foi detido pela Polícia Federal (PF) sob acusação de atrapalhar as investigações da Operação Lava-Jato. O plano de Delcídio para barrar a Lava-Jato foi captado em uma reunião por meio de uma gravação feita por Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró. Segundo o Ministério Público Federal, o líder do governo estava se esforçando para dissuadir o ex-executivo da estatal de firmar acordo de colaboração com a Procuradoria “ou, quando menos, para evitar que ele o delatasse e a André Esteves, controlador do Banco BTG Pactual”. Delcídio chegou a oferecer a Bernardo uma mesada de R$ 50 mil à família dele e prometeu intercessão política junto ao Poder Judiciário em favor da liberdade do pai. No último dia 18, após intensas negociações, Nestor Cerveró fechou acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República. Era esse o temor de Delcídio. O líder do governo tinha receio de que Cerveró o envolvesse no esquema de propinas na Petrobras, estatal onde o petista trabalhou no setor de Óleo e Gás, no governo Fernando Henrique Cardoso.

Assessoria