4 de abril de 2017

Afastado de novela, José Mayer pede desculpas por assédio

Globo / Divulgação

Alvo de uma denúncia de assédio por uma figurinista da Rede Globo, José Mayer se desculpou publicamente por seus atos. Em carta aberta enviada à revista Veja, o ator admitiu suas atitudes machistas e desrespeitosas e se disse fruto de uma geração que aprendeu que atitudes abusivas podem ser disfarçadas de brincadeira. "Aprendi nos últimos dias o que levei 60 anos sem aprender."

Leia na íntegra o que ele escreveu: 

“Carta aberta aos meus colegas e a todos, mas principalmente aos que agem e pensam como eu agi e pensava:

Eu errei.


Errei no que fiz, no que falei, e no que pensava.


A atitude correta é pedir desculpas. Mas isso só não basta. É preciso um reconhecimento público que faço agora.


Mesmo não tendo tido a intenção de ofender, agredir ou desrespeitar, admito que minhas brincadeiras de cunho machista ultrapassaram os limites do respeito com que devo tratar minhas colegas. Sou responsável pelo que faço.


Tenho amigas, tenho mulher e filha, e asseguro que de forma alguma tenho a intenção de tratar qualquer mulher com desrespeito; não me sinto superior a ninguém, não sou.

Aprendi nos últimos dias o que levei 60 anos sem aprender. O mundo mudou. E isso é bom. Eu preciso e quero mudar junto com ele.


Este é o meu exercício. Este é o meu compromisso. Isso é o que eu aprendi.


A única coisa que posso pedir a Susllen, às minhas colegas e a toda a sociedade é o entendimento deste meu movimento de mudança.


Espero que este meu reconhecimento público sirva para alertar a tantas pessoas da mesma geração que eu, aos que pensavam da mesma forma que eu, aos que agiam da mesma forma que eu, que os leve a refletir e os incentive também a mudar.


Eu estou vivendo a dolorosa necessidade desta mudança. Dolorosa, mas necessária.


O que posso assegurar é que o José Mayer, homem, ator, pai, filho, marido, colega que surge hoje é, sem dúvida, muito melhor.


José Mayer”

Antes de assumir os erros e se desculpar, o ator prefriu negar as denúncias da colega, dizendo que "era preciso separar ficção de realidade". Mesmo com as desculpas, Zé Mayer foi afastado da próxima novela de que participaria. A emissora confirmou a decisão em comunicado enviado à imprensa:


“No que diz respeito à escalação, sim, a Globo decidiu não escalar José Mayer para a próxima novela das nove de Aguinaldo Silva, prevista para ir ao ar em 2018. Essa é uma atitude isenta e responsável da Globo de não dar visibilidade a uma das partes envolvidas numa questão que é visceralmente contra tudo que a Globo acredita. E não é uma atitude isolada. A atitude da Globo será sempre essa. A de defender que casos como esse devem ser apurados, ouvindo e oferecendo todo apoio às duas partes, dando possibilidade para que a verdade aflore e criando condições para que não se repitam. Foi isso que fizemos. E é isso que sempre faremos.”


Nesta terça-feira (4/4), atrizes, figurinistas e outras funcionárias da Globo se manifestaram em apoio à figurinista Susllem Meneguzzi Tonani. Personalidades como Mônica Iozzi, Taís Araújo, Fernanda Lima, Cleo Pires, Drica Moraes e Camila Pitanga estão participando da campanha, cujo mote é "Mexeu com uma, mexeu com todas. #ChegaDeAssédio". 


As artistas têm se mobilizado no Instagram. Às 10h, publicaram fotos usando uma camisa branca com a frase de protesto ou divulgaram a arte da campanha. "Segundo a OIT (Organização Internacional do Trabalho), em todo o mundo, 52% das mulheres economicamente ativas já sofreram assédio sexual. Isso tem que acabar! Precisamos falar sobre assédio. Precisamos todos, homens e mulheres, trabalhar juntos pela igualdade de gêneros. #ChegaDeAssedio", escreveu a apresentadora Mônica Iozzi na legenda. 

Tainá Muller, Alice Wegmann, Sophie Charlotte e Mariana Ximenes são apenas mais alguns dos exemplos das mulheres que aderiram à manifestação. Até as 10h20 desta manhã, já eram mais de 6 mil publicações com a hashtag da campanha. Depois que o assédio veio à tona, a Globo tomou algumas medidas após a grande repercussão do caso.

MEXIRICO- UAI