Igrejas, casas paroquiais e até a cúria foram alvo de pichações neste fim de semana, em João Pessoa. Os alvos das inscrições, todas ofensivas, foram religiosos reconhecidos como opositores ao arcebispo Emérito da Paraíba, Dom Aldo Pagotto. O religioso renunciou ao cargo, em 6 de julho deste ano, acusado de acobertar casos de pedofilia dentro da Igreja e envolvimento amoroso com um jovem. Para o lugar dele, foi nomeado o administrador apostólico Dom Genival Saraiva.
Um dos alvos foi o padre Marcondes Meneses, da Paróquia Menino Jesus de Praga, no bairro dos Bancários. Os vândalos escreveram “pedófilo” nas paredes da Igreja comandada por ele. Entre os padres, a tese corrente é que pessoas ligadas ao grupo fiel a Dom Aldo teriam feito o vandalismo. Dom Genival, recentemente, afastou três religiosos próximos ao arcebispo emérito. Os impedidos de ordenar por tempo indeterminado são Monsenhor Jaelson de Andrade, Monsenhor Ednaldo Araújo e Padre Severino Lima.
Além de padre Marcondes, os vândalos tiveram como alvo a casa do monsenhor Virgílio e a Cúria Metropolitana. As pichações têm ocorrido de forma coordenada com cartas apócrifas ou mentirosamente assinadas como se fossem de Mariana José Araújo da Silva. Ela é ex-participante da vida pastoral na Paróquia São Rafael, no Castelo Branco. De Mariana saiu a carta que serviu de pivô para a renúncia de Dom Aldo e o afastamento dos outros três religiosos.
Mariana nega a autoria das novas cartas que circulam nas redes sociais e foram enviadas pelos correios e e-mails a vários fiéis. As correspondências acusam outros membros da cúria de pedofilia e envolvimentos com grupos homossexuais. Irritada com a situação, ela registrou Boletim de Ocorrência na polícia negando a autoria. Mariana chegou a ser processada por Dom Aldo, mas foi inocentada das acusações de calúnia e difamação.
Em investigação movida pelo Ministério Público do Trabalho, o procurador Eduardo Varandas Araruna ouviu de uma das testemunhas depoimentos que implicavam Jaelson e Ednaldo nas acusações de pedofilia. Os casos foram anexados pela defesa no processo movido por Dom Aldo contra Mariana e que foi arquivado. Ambos são citados como envolvidos em casos de pedofilia, mas negam as acusações. Eles foram impedidos de ordenar por Dom Genival Saraiva.
Os três padres foram suspensos por tempo indeterminado no dia 29 de setembro. Com a decisão, assinada por Dom Genival Saraiva, administrador apostólico, os religiosos ficam impedidos de celebrar missas, realizar batizados e de fazer qualquer outra atividade inerente ao cargo de padre ou monsenhor. Os religiosos são investigados pela Arquidiocese da Paraíba por supostas práticas incompatíveis com o exercício do sacerdócio atribuídas a Jaelson, Ednaldo e Severino.
Fonte: Jornal da Paraíba
Créditos: Suetoni Souto Maior