14 de fevereiro de 2017

Sertaneja paraibana, exemplo de luta e perseverança, vai receber Troféu ‘Mulher Cidadã’ da ALPB


Exibindo Josefa Alves campos receberá o troféu 'Mulher Cidadã', da ALPB.jpeg
O exemplo de vida e coragem da sertaneja Josefa Alves Campos, 77 anos, natural do Sitio Bom Jesus, Município de São José de Piranhas, alto sertão paraibano, até hoje inspira seus oito filhos e encanta quem conhece sua história. Migrante nordestina, Josefa saiu de sua terra natal, conviveu com as agruras de São Paulo durante 15 anos, retornou a Cajazeiras e, por fim, veio para João Pessoa onde reside até hoje, sem perder a ternura, nem se deixar abater pelas adversidades. Por sua luta em busca do direito da mulher e da sobrevivência da família, determinação e história, Josefa vai receber o troféu “Mulher Cidadã” da Assembleia Legislativa. O Projeto de Resolução Nº 121/2016, que concede a honraria, de autoria do deputado Jeová Campos, foi aprovado no último dia 07.

“Quem acompanha meu mandato e minhas proposituras, sabe que não sou muito afeito a conceder honrarias ou homenagens, mas, para essa cidadã que admiro, abri uma exceção”, explica Jeová. Segundo o parlamentar, sua inspiração se deu em função da luta, coragem e altivez da Sra. Josefa, sua prima, no enfrentamento das adversidades. “Esta mulher sertaneja, guerreira, que venceu os mais difíceis obstáculos, seja com a ajuda de familiares ou não, representa todas as mulheres paraibanas que são vitimas do preconceito social, que são obrigadas a deixar sua terra natal e lutar em outras paragens, mas que honra a família e inspira outras pessoas”, afirma ele. 

A Senhora Josefa Alves Campos nasceu em 01 de janeiro de 1940. Filha de José Alves Bezerra e Antonia Ferreira de Jesus, com oito anos de idade, perdeu o pai que era o esteio da família. Para ajudar na manutenção da família, ela ainda menina teve que passar a trabalhar na roça, juntamente com a sua mãe e os demais irmãos. Pouco tempo depois, aprendeu a arte da costura e passou, no período da noite, a confeccionar roupas para as pessoas da localidade, uma vez que o que arrecadava financeiramente da agricultura não dava para suprir as despesas domesticas.

Josefa ainda tentou conciliar os estudos com as atividades profissionais, mas só conseguiu estudar até a quarta série do ensino fundamental. Aos vinte e três anos de idade, ela casou-se e passou a residir na casa dos pais do seu esposo, onde morou por dois anos. Mesmo casada, com o objetivo de contribuir para melhorar a receita financeira do lar, continuou as suas atividades, durante o dia trabalhava na roça e no período noturno, costurava.

Mãe de oito filhos, jamais perdeu a esperança de dias melhores. Mas, em face de problemas sérios de saúde decorrentes da atividade de costureira e agricultora, teve que deixar o sertão paraibano e foi em busca de um tratamento na cidade de São Paulo. Lá chegando, recebeu apoio dos familiares. Depois de 15 anos, em razão das dificuldades financeiras, retornou com a família para a Paraíba e foi residir na cidade de Cajazeiras, onde passou a vender alho na feira. Dois anos depois, por causa dos períodos de seca que assolaram o sertão paraibano, Josefa migrou para João Pessoa em busca de dias melhores. Como o seu esposo não aceitou a mudança, resolver se separar e veio com os filhos. Na capital paraibana, criou os oito filhos vendendo alho e outras iguarias. Mesmo em meio a muitas dificuldades, abriu as portas de seu lar para receber os menos favorecidos, carentes, parentes, amigos e familiares, que buscavam apoio ou que vinham para João Pessoa em busca de tratamento de saúde ou de outras necessidades. 

Atualmente, Josefa reside com os filhos e netos no Bairro de Mangabeira, mas ainda não conseguiu realizar o grande sonho de sua vida que é ter uma casa própria. Reside num imóvel oriundo de posse, mas não perdeu as esperanças. Ela se considera uma pessoa realizada, pois diante de muitos problemas e dificuldades que enfrentou ao longo de sua vida, conseguiu educar os filhos com muita determinação. “Todos estão encaminhados, sustentei todos com a força de meu trabalho de agricultora, costureira e, por último, vendedora de alho. Tenho orgulho de ter conseguido educar meus filhos. Eles não são cidadãos de bens, mas do bem e isso me satisfaz. Olho para trás e sei que valeu a pena todo o esforço”, afirma ela, que ficou muito feliz com a homenagem do parente deputado.