A multidão que lotou as principais vias da cidade de Monteiro e a praça central da cidade, neste domingo (19), para prestigiar a inauguração popular das obras da Transposição junto com os ex-presidentes Luís Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, além de diversas lideranças políticas locais e nacionais, na opinião do deputado estadual Jeová Campos (PSB), deixou várias leituras. “Entre essas percepções destaco o fato do povo não se deixar enganar pela grande mídia, o enorme carisma de Lula, o quão forte é uma mobilização popular e, sobretudo, a promoção de um encontro de gerações, pois observei ontem que o público que prestigiou o evento, em sua grande maioria ou era muito jovem, criança até, ou passava da meia idade e esse encontro de gerações é o que me encantou, muito mais que a multidão, porque isso significa que o projeto político que privilegiou os mais humildes não é defendido por essa ou aquela faixa etária, mas por um todo da sociedade brasileira”, argumenta Jeová.
O parlamentar que foi quem primeiro lançou a proposta da vinda de Lula à Paraíba, para participar de uma audiência pública para debater a transposição, depois para visitar as obras dos Eixos Leste e Norte, disse que ficou muito feliz de sua ideia ter tomado a proporção do evento de ontem. “Estou contente e com as esperanças renovadas. Depois de ontem, tive a certeza de que o projeto de um governo socialista, democrático e com um olhar voltado para os mais humildes, os mais necessitados renasceu de uma forma fantástica, porque essa vontade emana do povo e é o povo quem tem o poder de escolher seus representantes. Não adianta a grande mídia querer ignorar esse fato. A esperança está de volta, seja com Lula ou com outro candidato que empunhe essa bandeira da democracia o povo voltará ao poder”, disse Jeová.
Detalhes & Bastidores
O evento de Monteiro congestionou a entrada da cidade provocando grande tumulto para quem queria entrar ou sair do local, o sol estava escaldante e nos dois locais onde aconteceram os eventos não havia abrigo para o público se proteger do sol, os estabelecimentos comerciais não deram conta de tanta demanda, faltou até água mineral, embora tenha sobrado cerveja, o palco foi pequeno para acomodar tantas autoridades, mas, ninguém reclamou da infraestrutura, ao contrário, em todas as situações se deu um jeito. Quem não conseguiu entrar na cidade, estacionou ao longo da BR, tanto que se contou cerca de 5km de via com as laterais tomadas de estacionamento provisório ou pegou atalhos por dentro dos sítios, passando por rios e vielas. O sol escaldante foi amenizado com muito protetor solar, bandeiras que serviam de pará sol, chapéus e bonés, e os mais calorentos não se intimidaram e caíram nas águas que agora chegam abundante ao município, graças a transposição. A falta de água para beber também não incomodou porque muita gente, já prevendo isso, levou de casa e até dividiu com outras pessoas.
Quanto ao palco, algumas autoridades tiveram que descer para dar lugar a ilustres desconhecidos que conseguiram credenciais ‘pulseiras vermelhas’ sabe se lá como. O deputado Jeová Campos foi um dos convidados a descer do palco. Como o parlamentar não liga para essas distinções e regalias do poder e até já tinha combinado com seu filho Vitor Campos ver o comício de Lula junto do povo, na Praça, para colher impressões dos populares, apenas concordou com a interlocutora que o interpelou com a inusitada solicitação e desceu as escadas do palco satisfeito e com o sorriso que lhe é peculiar, misturou-se ao povo onde se sente feliz e à vontade e foi ver o resto dos discursos onde mais se sente bem, na rua, na praça, no chão, misturado aos seus.
Quanto ao público, os mais otimistas estimam cerca de 50 mil participantes, os mais realistas, algo em torno de 20 mil, o fato é que um número ou outro já é gente demais para uma cidade do porte de Monteiro que, dificilmente, verá tanta gente reunida em qualquer outro evento. “Foi um dia para ficar na história, foi um marco, a renovação da esperança, o reascender de uma chama que é movida a suor, lágrimas, trabalho, ideais, e sorrisos, e como diria Gregório Bezerra se estivesse aqui, um dia de ferro e flor, ou seja, de luta e amor”, finaliza Jeová.
Difícil citar o nome de todas as autoridades presentes sem esquecer de alguém, mas, entre os mais conhecidos destacaria os senadores Humberto Costa, Lindenberg Farias, Gleise Hoffman, os governadores da Bahia, Jacques Wagner, e da Paraíba, Ricardo Coutinho, também anfitrião do evento, além de Benedita da Silva e outros nomes do PT Nacional e local e parlamentares de outros estados. O plantio de árvores por Lula foi visto por uns poucos privilegiados, assim como o molha mão simbólico do ex-presidente nas águas da Transposição. Além do tumulto por causa da multidão o local era de restrito acesso. A entrega das medalhas ‘Epitácio Pessoa’ a Lula e Dilma, a mais importante honraria do parlamento estadual, quase passou despercebida porque a ocasião ofuscou a iniciativa. Enfim, o evento cumpriu seu objetivo que era homenagear os grandes responsáveis pela obra da transposição e, de quebra, ainda testou a popularidade de Lula que apesar do intenso bombardeio midiático continua em alta, nas alturas.