Agora é oficial. Pesquisadores americanos conseguiram comprovar o que muita gente acreditava: você se sente pior quando está gripado e solitário.
De acordo com a pesquisa feita pela Universidade de Rice, a solidão, de fato, deixa, pelo menos pra você, os sintomas da gripe (nariz escorrendo, calafrios, dores de cabeça, garganta arranhando e etc.) muito mais intensos.
Para chegar a essa conclusão, os médicos tiveram que, bom, deixar os participantes gripados. A pesquisa se deu em duas etapas: na primeira faziam um teste psicológico com 159 pessoas que tinham entre 18 e 55 anos. As questões perguntavam, por exemplo, o quão próxima aquele participante era dos pais e dos amigos – e questionava se ele sentia falta dessas interações. Isso tudo para traçar um perfil psicológico dessa pessoa. Mais tarde, colocavam, no nariz dos pacientes, gotinhas infectadas com rinovírus 39 – o famoso vírus da gripe. A segunda etapa consistia em um isolamento. Para deixar todo mundo na mesma, pelo menos durante a doença. Os participantes ficaram em um hotel durante cinco dias sem se relacionar com ninguém.
Apenas se alimentando e respondendo a perguntas sobre a intensidade de seus sintomas. Os resultados mostraram que as pessoas que se sentiam solitárias, antes mesmo de ficarem doentes, tendiam a dar notas mais elevadas às suas dores, quando comparadas com que não se via tão sozinho.
O estudo, porém, ressalva que isso tem mais a ver com bem-estar do que com a saúde efetiva dos pacientes. Os pesquisadores analisaram a mucosa de todos os participantes e perceberam que não haviam diferenças significativas entre os níveis de infecção dos solitários com os sociáveis envolvidos.
Os pesquisadores acreditam que isso ocorre porque o paciente solitário já tende a estar desgastado. “Ficar doente é uma situação estressante. Uma predisposição seja ela física ou mental pode ser exagerada quando você emenda um stress no outro”, afirma Chris Fagundes, psicólogo na universidade e coautor da pesquisa, em comunicado. Além disso, a gripe não é um caso isolado, na verdade, o os envolvidos na pesquisa afirmam que a solidão pode afetar a saúde em diferentes momentos da vida. “Nesse caso, o fator irritante foi ficar doente, mas pode ser a perda de uma pessoa amada, ou um câncer de mama, por exemplo”, completa Fagundes.
A ideia da pesquisa é ajudar os médicos a compreenderem um pouco melhor os sintomas dos seus pacientes – e como eles relatam isso. “Os médicos deveriam começar a levar os fatores psicológicos em conta durante sua rotina. Isso com certeza os ajudaria a entender como uma pessoa fica doente”, diz Fagundes. E ainda afirma que levar em conta esse tipo de pesquisa não ajudaria apenas a saúde, mas também a economia “Milhões de pessoas deixam de ir ao trabalho todo ano por causa disso. E isso é atrelado a como eles se sentem, não necessariamente o quanto eles estão assoando os narizes”, afirma.