21 de novembro de 2019

ALPB outorga Medalha Augusto dos Anjos ao escritor José Mota Victor por iniciativa do deputado Jeová Campos



O escritor patoense, teatrólogo, poeta, político e engenheiro, José Mota Victor, recebeu, na tarde desta quarta-feira (20), a Medalha Augusto dos Anjos da Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB). A propositura, que reuniu personalidades do meio político e cultural do estado, bem como amigos e familiares do homenageado no Plenário José Mariz, foi do deputado Jeová Campos (PSB). O parlamentar argumentou que conheceu José Mota Victor quando este era Diretor de Operação e Manutenção da Cagepa em João Pessoa, conhecendo sua obra, posteriormente, inclusive seu último livro, “Ducks City – Uma cidade encantada não muito longe daqui”, lançado este ano.

Mota tem onze livros publicados. Foi premiado, em 1978, com a peça A Cruz da Menina, no IV Concurso Nacional Universitário de Peças Teatrais, promovido pelo Serviço Nacional de Teatro no Rio de Janeiro. Em 1985, foi premiado no Concurso Nacional Literário do IV Centenário da Paraíba, com a peça teatral Confeitaria Glória. Na vida pública, foi Conselheiro Estadual de Cultura durante dois anos (2009/2010) e foi eleito, em 2011, para assumir a cadeira número 15 do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano. Também atuou na Gagepa, foi Conselheiro Estadual de Cultura durante dois anos (2009/2010) e também foi vereador de Patos. É também sócio do Instituto Histórico e Geográfico de Patos e Campina Grande.

Com um largo currículo de atividades prestadas à população paraibana, Jeová Campos, entretanto, desejou homenagear o escritor, poeta e teatrólogo. Na mesa, estiveram o Secretário de Cultura da Paraíba, Damião Ramos Cavalcanti; o presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Patos (IHGPatos), Renato César Carneiro; o ex-deputado Ramalho Leite; o deputado estadual Dr. Érico Djan; o homenageado José Mota; Márcia leite, esposa do homenageado, e o jornalista Abelardo Oliveira, da ALPB.

Da tribuna, Jeová explicou como conheceu Mota. “Só se conhece alguém convivendo. Conheci Mota levando minhas queixas sobre a falta d´água quando ele era da Cagepa. Mas, hoje, não quis homenagear quem ouvia meus clamores, e sim o escritor. Nada representa mais a pujança de um povo que sua expressão cultural. Um engenheiro que resolve construir uma escrita para todos nós. E uma maravilhosa escrita. Então, essa é uma homenagem singular, forte e representativa”, disse Jeová, frisando que o último livro do escritor, Ducks City, está esgotado e que deveria se reeditar para alcançar um público ainda maior, dada à genialidade da ficção contada por Mota.

Seguido a Jeová, o Secretário de Cultura do estado, Damião Ramos, teceu algumas palavras. Ele destacou que na vida o homem precisa ter ação para deixar sua marca por onde passa. “A pessoa é aquela que realiza, que tem ações e se diferencia dos outros. Hoje, Dia da Consciência Negra, estamos aqui para homenagear o escritor, a riqueza da nossa cultura, que tem fortíssima influencia afrodescendente, inclusive”, comentou Damião Ramos. “Medalha é algo que não se compra no mercado. Assim como o atleta, só se ganha quem teve e tem alguma ação”, finalizou.

O deputado Érico e o presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Patos (IHGPatos), Renato César Carneiro, ambos da cidade de Patos, elogiaram a propositura de Jeová e falaram da satisfação em participar do momento. “Quero expressar meu contentamento de estar aqui hoje. Essa é a representação sincera de uma homenagem. Você, Mota, é demais merecedor de tudo isso. Hoje a cidade de Patos está muito feliz”, disse Renato César.

O homenageado José Mota Victor, por sua vez, em seu discurso de agradecimento, teceu uma verdadeira aula sobre o poeta Augusto dos Anjos, que empresta seu nome à Medalha Cultural outorgada pela ALPB. Falou das injustiças cometidas, de sua vida e do quanto o poeta é lido até os dias de hoje. “Hoje a sombra de Augusto dos Anjos paira sobre a humanidade. Fizeram uma pesquisa para saber que poeta, se Camões, Fernando Pessoa, Castro Alves ou Augusto dos Anjos, era o mais lido na internet. Pois Augusto está em primeiro em numero de visitas, depois Fernando Pessoa, Camões e Castro Alves”, salientou.

Homenagem a Jeová

Mais à frente, emocionado, José Mota Victor, fez uma breve homenagem ao sertanejo e deputado Jeová Campos, resgatando trechos do romance regionalista do escritor Mário Palmério, Vila dos Confins. “Jeová é um homem singular. Ele caminha na Vila dos Confins. Onde, segundo Mário Palmério: ‘O solo conhece, a areia é sua velha amiga, a caatinga também. Não há mina-d'água que não o chame pelo nome, com arrulhos de namorada. Não há porteira de curral que não se ria para ele, com risadinha asmática de velha regateira. E nenhum cachorro de fazenda lhe nega lambidas de intimidade, quando ele chega. Lá vem ele? Ganjento, pilantra: roupinha de brim amarelo, vincada a ferro,' chapéu tombado de banda, lenço e caneta no bolsinho do jaquetão abotoado; relógio de pulso, pegador de monograma na gravata chumbadinho de vermelho. Fazenda nenhuma lhe cobra pouso; e merece comer na cozinha com a dona da casa e as moças solteiras. É que em todo o Sertão dos Confins - e olhem que é um mundão largado de não acabar mais - não há mesmo quem lhe queira muitíssimo bem. Passinho miúdo, apressado, botinha chienta na areia que ringe também. Lá vem ele?’”, disse, agradecendo a honra.





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